I
Memória é servidão desinibida,
posta a sorrir ao não e ao sim, ao mesmo
e ao talvez; é uma corrente esquiva:
tira do escuro o claro que se vê.
Sem pecúlio de amor, perdidos muitos
e muitos remos, sinto-me afogar
numa fluidez de treva e de incerteza,
joguete fatigado do possível.
Sozinho na procura esvai-se o rumo,
a firmeza que sonho ao me acabar
em cada gesto, em cada pensamento,
e só assim consigo ser eu mesmo
e só assim me basto ao meu sustento:
morto, a sonhar o renascer em vida.
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